domingo, 10 de novembro de 2013

IV Exposição Itinerante de Fotografias - Sobre Candelária, RS e seus primeiros automóveis

 (24 fotografias - nov/dez 2012)
Resumo:
Quando o primeiro carro motorizado foi produzido com o propósito comercial pelo alemão Karl Benz em 1885, fazia apenas 35 anos que o Distrito Costa da Serra, hoje Candelária – RS, havia recebido seus pioneiros imigrantes, dos quais se tem conhecimento. Embora possuísse um motor a gasolina, este veículo era ainda com três rodas, o que em nada contribuiria, caso algum morador mais abastado daqui fosse adquiri-lo, pelo simples fato de não haver estradas. Naquela época, havia somente picadas por onde a mercadoria era escoada em lombos de burro ou, no máximo, em carretas cujas rodas mediam cerca de um metro e meio para enfrentar os buracos e a travessia em córregos e arroios.
Pequena amostra do que era a principal rua da Povoação Germânia. Com a emancipação do Distrito em 1925, o primeiro prefeito Cel. Albino Lenz teria incumbido seu fiscal de estradas Frederico Ensslin que providenciasse melhorias na Rua do Comércio (hoje Av. Pereira Rego). E assim, André Marques, funcionário da prefeitura, em uma carroça com burros buscou mais de 300 cargas de cascalho na beira do rio Pardo para entulhar os buracos.

Ainda assim, já em 1917 teria chegado o primeiro automóvel na Freguesia de Nossa Senhora de Candelária, adquirido por Frederico Decker (*01-03-1851 †14-03-1928) em Porto Alegre – RS. Conta-se, no entanto, que devido a pouca resistência do veículo, aliado às péssimas condições da estrada, o carro teria pifado no caminho, tendo de ser rebocado por uma junta de bois até seu destino. O fato teria provocado grande desilusão entre os moradores da Freguesia, os quais aguardavam ansiosos à chegada do comerciante e seu automóvel, junto à antiga barca. 
Friedrich David Decker (*20-06-1892 †18-05-1923) em frente ao Ford 1916. Foi o primeiro automóvel no município. Conta-se que este carro havia pertencido a Borges de Medeiros, Governador da Província do RS.

Enquanto isso, no interior, colonos se uniam em mutirões para abrir ou melhorar as estradas em suas localidades. Desse modo, outros prósperos comerciantes sentiram-se motivados a comprar seu automóvel, pouco importando se fosse da Ford, da Chevrolet, ou outra marca qualquer. Ligados a manivela, sem vidros nas janelas nem amortecedores, com troca de marchas nos pedais e tanques traseiros que não injetavam o combustível, ocasionando dificuldade em subidas nos morros, o certo é que este novo modelo de locomoção passou a ser o sonho de consumo de filhos e netos dos imigrantes. Os preços dos carros variavam entre 385 e 580 dólares.
Mutirão de colonos para abertura da estrada na localidade de Quilombo.

Com estradas mais trafegáveis no interior, prósperos comerciantes de localidades em Candelária  - RS passaram a adquirir automóveis como este, por Hans Nehls (*13-10-1898 06-08-1983), imigrante de Berlin, marceneiro residente na Picada Roos).

O combustível para o abastecimento era trazido de Cachoeira do Sul – RS em tonéis, até que João Carlos Schmidt (*21-04-1886 08-02-1974), comerciante, resolveu instalar a primeira bomba de combustível. Sua filha Elvira, ao volante na foto, teria sido a primeira mulher motorizada no município.

Outro fato hilário era que cada proprietário adaptava seu carro às suas necessidades. Assim, qualquer veículo, levado a uma ferraria, podia virar camioneta ou algo similar. Na foto, temos um exemplo de carro totalmente modificado, apelidado de Porta Aberta. Era de propriedade de Frederico Reinaldo Ensslin (*30-07-1893 27-03-1965), comerciante.

Uma dificuldade constante era a travessia do rio Pardo, profundo, com considerável correnteza e sem pontes. Os barqueiros das quatro barcas existentes sempre dispunham de clientela que, com a chegada dos carros, vivenciaram fatos inusitados. Algumas vezes, quando o freio pifava ou o motorista se distraía, via seu carro ser tragado pelas águas, como comprova esta foto. 

Passeata de candelarienses na Rua do Comércio, no Rio Comprido, em comemoração ao fim da Revolução de  30.
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Meus agradecimentos aos patrocinadores desta exposição:
Henker Autopeças, Ilze Ziemann, Nied & Rodrigues, Rui Lenz e Supermercado Wollmann.

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